Amanheceu em nosso acampamento próximo ao lago do Veado. Desarmamos as barracas, tomamos o café da manhã, arrumamos o barco e reiniciamos a descida do Araguaia, nesse nosso décimo primeiro dia de viagem.

Logo nos primeiros momentos da viagem vimos um belo exemplar de Capivara, sozinha, parada em um barranco, bem próximo à água do rio. O animal ficou quieto, mesmo quando nosso piloto Tekuala deu a volta na canoa, para que o Paladini pudesse fotografá-lo melhor. A impressão que nos ficou é de que o animal devia ter tido muito pouco ou nenhum contato com gente...

Continuamos observando a fumaça das queimadas, no lado da ilha do Bananal. O dano ambiental que essas queimadas ou incêndios incontroláveis causa está a pedir campanhas de conscientização urgentes. Animais mortos, ninhos destruídos, répteis e quelônios cruelmente queimado... a vegetação degradada... é preciso parar isto com eficiência e rapidêz.

Paramos para preparar o almoço próximo às 11:50h. em um barranco alto e ensombrado. Saboreamos o delicioso Bargada, pescado pelo Paladini na véspera. Na sequência da tarde prosseguimos nossa viagem rio abaixo.

A exemplo do dia anterior, pouco a comentar. Rio largo e bem raso em alguns trechos, agora já não se vê mais cerrado e sim mata, mais ou menos fechada, nas duas margens - Mato Grosso e Tocantins -. Atingimos a entrada do braço de rio que leva ao Porto, em Santa Terezinha (MT), por volta das 15:10h.

O braço de rio e depois entrada de lago pelos quais, obrigatoriamente temos que passar, estão muito rasos. Foi necessário descer e empurrar o barco em alguns momentos. Levamos um bom tempo para vencer os novecentos ou mil metros que eram necessários cobrir.

Santa Terezinha fica no pé de uma elevação de porte pequeno, um morro de modestas proporções, mas tem lá suas surpresas; um bem equipado supermercado, dotado de ar condicionado e tudo, no dizer do José Olegário. Reabastecemos combustível e alguns víveres e também perdemos algum tempo na necessidade de comunicação. Aqui, vale mesmo falar do grande problema que tem sido o fator comunicação. Teria sido necessário ter aparelhos celulares com chips de todas as operadoras (e acesso Internet). Só dispomos de chips da Vivo e da Claro, o que tem nos deixado quase incomunicáveis com a Internet e sujeitos ao uso de orelhões, estes sim, disponíveis até nas aldeias indígenas visitadas.

A saída de Santa Terezinha foi um capítulo à parte. O que já foi difícil navegar com o rio a favor, descendo, se tornou um suplício quando nos vimos na rasura e contra a força das águas. Rema daqui, empurra dali, varejão, arrasto... Levamos mais de uma hora para conseguir sair no canal do rio novamente. Aí a hora já ia vencendo e nos vimos na contingência de navegar ligeiro, para encontrar um lugar razoável para nosso acampamento noturno.

Tentamos pescar alguma coisa, para o almoço de amanhã, mas não tivemos sucesso. Aliás, a pesca tem sido péssima, desde que deixamos Aruanã, contudo vale dizer que nunca foi nosso foco pescar. O fazemos apenas nos momentos em que acampamos para o repouso noturno e com a finalidade específica de enriquecer nossa dieta diária. E quase nunca acampamos em local totalmente propício a boas pescarias.

No jantar, o Olegário nos surpreendeu com um delicioso feijão-pagão, daquele tipo que "que nem cachorro come" (não sobra para eles!), que devoramos com arroz e o restante da Bargada que sobrou no almoço. Esse foi nosso dia, navegando o Araguaia.

 

Veja imagens relativas ao décimo primeiro dia da viagem.