Mal amanhecia o dia e já estávamos preparando tudo para reencetar a viagem. Café tomado, barracas desarmadas, partimos novamente, rumo a Conceição. Nesse trecho o Paladini mostrou toda sua perícia com a embarcação, atravessando alguns pontos bastante perigosos, onde pedras e travessões tornavam o rio verdadeiras corredeiras tumultuadas...

E assim avistamos a grande e bela ponte que atravessa o Araguaia, entre os municípios de Conceição do Araguaia (PA) e Couto de Magalhães (TO). Chegávamos a Conceição; eram 10:50h. de uma manhã que começou com um céu um tanto nublado, prenunciando uma possível mudança no tempo, que até aqui nos foi amigo e camarada. Dias ensolarados, bonitos; noites estreladas, de céu totalmente sem núvens.

Em Conceição, conseguimos atualizar um pouco nosso site, pelo menos enquanto a conexão Vivo ajudou. Mas a exemplo de São Félix, onde foi possível fazer alguma atualização, há muita instabilidade no sinal e a velocidade não permite fazer o upload de imagens, e em alguns momentos, nem mesmo simples texto, como é o caso de nossos relatos.

Almoçamos em um restaurante flutuante, na praia fronteira a cidade. Uma peixada excelente - Tucunaré frito inteiro - com salada de tomates, alface, arroz e molho delicioso.

Olegário conseguiu contratar um piloto prático no trecho, para nos guiar até Pau D'Árco, a aproximados 76km de distância.

Trecho um pouco complicado para quem não conhece... muitos travessões e pedras, em alguns pontos sem sinalização, ou com a mesma deficiente. A rasura do rio complica ainda mais o navegar por estes lados.

Notamos algum loteamento da margem direita do Araguaia, logo abaixo de Couto de Magalhães. Nessas alturas, vale também referir a deficiência do saneamento básico em Conceição, com esgoto a céu aberto, sendo jogado "in natura" no rio, bem ao lado do restaurante (há dois, na praia onde paramos).

O novo piloteiro, Pedro Pereira da Silva, conhecido em Conceição por Pedro "Leão", demonstrou perícia e conhecimento do trecho. Passou muito bem em todas as corredeiras que encontramos pela frente, duas razoavelmente fortes - aqui, chamam de "cachoeira".

O rio é consideravalmente mais difícil de navegar a partir de Santa Maria das Barreiras, dado a ocorrência de pedras e travessões, somado ao fato de estar muito baixo nesse período de estiagem.

Chegamos a Pau D'Árco já com a noite fechada; eram mais de oito horas. O problema agora era outro... onde acampar? O Pedro Leão recebeu seu pagamento pelo serviço prestado, sugeriu que talvez conseguissemos acampar em uma suposta praia que existiria em frente a cidade, escondida no breu da noite, e rumou para o centro da localidade, onde pensava dormir e retornar a Conceição na manhã seguinte.

Rumamos em busca da tal praia, numa escuridão total, seguindo a direção do clarão da lua crescente, que já começa a aparecer no início da noite.

Chegamos à margem oposta e nada da tal praia... o jeito parecia ser subir o rio, contra a correnteza, tentando achar algum lugar propício para passar a noite. Já cogitávamos pernoitar dentro da canoa, de forma precária, quando topamos com dois pescadores locais a quem pedimos orientação. Foram muito solícitos, nos informando um ponto que já deixávamos para trás e que era a entrada para um acampamento de pesca; uma área limpa e até aparelhada - tinha jiraus, um rancho de palha, fogão de lenha... -; nem foi necessário acampar lá, no acesso mesmo, numa minúscula área de areia, conseguimos arranjar as barracas e assim safar a noite. Estávamos exaustos e logo fomos todos dormir.

 

Veja imagens relativas ao décimo sexto dia da viagem.