Deixamos o acampamento que está a 34km. de Pontão por volta de 08:20h., após o café da manhã e a rotina de desarmar barracas e rearrumar o barco para viagem. Nesse acampamento, tivemos a constante companhia de uma Gaivota, que nidificava na areia, não muito distante de onde estavam armadas nossas barracas. Na pressa de montar o pouco, na véspera, não havíamos notado o ninho e, por essa procimidade, pagamos o preço de sermos atacados o tempo inteiro pela aflita Gaivota, que não poupava ninguém de seus rápidos rasantes, tal uma aeronave de caça em mergulho total. Só aquitou quando nos viu no rio, já partindo.

Nesse trecho não restou novidades a relatar, seguindo a viagem tranquila e até algo rápida, graças a perícia demonstrada pelo Paladini no comando do leme da embarcação. Chegamos a Porto Leme por volta das 10:20h. e descobrimos que, mais uma vez, o mapa do GPS apresenta informaqção incorreta. Já havíamos notado isso antes, quando o mapa cita Pau D'Arco no Pará, quando na verdade está em Tocantins; e Bela Vista no Tocantins, quando realmente é Pará. Pois o que o mapa mostra como Pontão, na verdade se refere a Itaipava, que está no Pará e não no Tocantins, como marcado.

Em Porto Lemes, Olegário conseguiu contratar um piloto prático para o trecho até Xambioá - o Chicão, Sr.Francisco Anisio da Conceição -, um Piauiense animado e bem disposto, às vezes falante; outras concentrado em sua função de pilotar nossa canoa rio abaixo.

Daí por diante, a viagem esteve mais tranquila, muito embora as condições do rio nos imponha um ritmo lento na maior parte do resto de manhã e início da tarde. O percurso próximo a Itaipava é uma imensa pedreira, com aproximados 20km de extensão, que impede o desenvolvimento de velocidades maiores que 3 ou até menos quilômetros por hora. Não há mão que consiga navegar mais rápido nesse trecho do Araguaia. Grandes formações de basalto escuro afloram à superfície ou ficam perigosamente ocultas logo abaixo dela, tornando o navegar uma verdadeira "loteria". Um ou outro esbarrar de canoa ou motor são inevitáveis.

Paramos para almoçar em uma ilha, exatamente no ponto onde parece terminar o difícil pedaço de rio. Eram mais de 13:00h. e estávamos todos famintos.

Daí para frente a viagem transcorreu sem maiores problemas a não ser o constante vento, que formava forte banzeiro, tornando a navegação um pouco mais lenta do que talvez fosse possível em outras condições. O vento nos acompanhou a tarde inteira, até 17:15, quando avistamos e encostamos em Araguanã, no Tocantins. A distância total, desde Porto Lemes é pouco mais de 55km o que nos dá uma melhor dimensão da dificuldade do percurso.

Paramos no porto de Araguanã onde Olegário adquiriu cerveja - que não bebíamos desde cedo -, e acabamos acampando um pouco abaixo da cidade, em uma praia de ilha, onde existia um rancho de palha muito bem construído. Não jantamos nessa noite; ficamos "prosando" até bem tarde, beliscando tira-gosto e bebendo cerveja gelada à vontade, até bem tarde. Fomos dormir cansados, mas no meu caso, não posso dizer que tenha sido uma boa noite de sono. O vento na barraca e uma dor nas costelas, resultante de uma pancada na lateral da canoa, incomodaram o tempo todo. Pela manhã, o ritual de desmonte do acampamento. Descobrimos estar na propriedade do Sr Antonio Cruz, que nos visitou cedo, chegando em sua canoa de madeira, cordial e gentil, como tem sido a quase totalidade de nossos contatos até aqui. Proseou durante todo o tempo em que preparávamos para seguir em frente, agora rumo a Xambioá, no Tocantins.

A viagem aproxima-se do final e o Olegário já faz contatos para organizar nossa volta a Goiás, por via terrestre.

Mais uma etapa vencida.

 

Veja imagens relativas ao décimo oitavo dia da viagem.